Sindicato dos servidores acredita que novas mortes podem ocorrer no Case em Goiânia
Menos de uma semana depois de um adolescente ser assassinado no interior da unidade do Conjunto Vera Cruz, outro menor foi morto na manhã desta terça-feira com golpes de objeto cortante
Malu Longo
Presidente do Sindicato do Sistema Socioeducativo do Estado de Goiás (Sindsse/GO), Roberto Conde manifestou grande preocupação com a situação do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Goiânia, localizado no Conjunto Vera Cruz, onde em menos de uma semana, dois adolescentes foram assassinados. Na quinta-feira, 6 de junho, C.O.E.S, 15 anos, foi morto no interior da unidade por um colega de
17. Hoje (11) pela manhã, Bruno Victor Vicente Alcântara, de 18, foi enforcado e assassinado com golpes de chave de fenda desferidos por outro interno, de 17 anos.
“O Estado insiste em fingir que o Case é um centro de socialização, mas na verdade é um depósito de adolescentes. A maioria esmagadora integra facções criminosas e os servidores estão no meio disso, correndo riscos.” Segundo Roberto Conde, é impossível controlar o clima de hostilidade quando há apenas quatro servidores por módulo para uma média de 70 adolescentes. O presidente do Sindsse/GO ressalta que
o último concurso para contratação de agentes socioeducativos ocorreu em 2010. “A situação só vai piorar”, acredita Roberto Conde.
Nos dois casos o Governo de Goiás, através da Secretaria de Desenvolvimento Social, informou que não havia histórico de conflitos entre os adolescentes. “Eles podem dizer que não tem, mas nós sabemos que existe. Nem os adolescentes escondem isso”, enfatiza o presidente do Sindsse/GO. As mortes no interior do Case têm ocorrido com requinte de crueldade. Na semana passada o adolescente foi enforcado com uma corda improvisada, conhecida como “teresa”, e seu corpo pendurado no banheiro da cela numa tentativa de simular um suicídio. Também recebeu um corte na virilha. No caso de hoje, Bruno recebeu vários golpes de objeto cortante. Seus olhos foram
perfurados.
Para Roberto Conde, as condições estruturais do Case são frágeis. “Desde que o 1º Batalhão da Polícia Militar foi fechado, fizeram uma reforma mal feita na unidade do Vera Cruz. As paredes parecem de papel. Os adolescentes furam a parede e tiram pedaços de metal, uma espécie de espeto, para praticar crimes”, explica o presidente do Sindsse/GO.
A Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds-GO), órgão do Governo de Goiás responsável pelo sistema socioeducativo, disse por nota que discorda da visão do presidente do sindicato. “A pasta também lamenta os termos usados pelo dirigente sindical para se referir às unidades de reeducação de menores em conflito com a lei e não acredita que essa visão seja compartilhada pelos servidores do sistema”, diz trecho da resposta enviada para a reportagem.
Ainda na nota, a Seds-GO afirma que estão sendo retomados os contratos das obras de construção dos novos centros de atendimento socioeducativo para ampliar o número de vagas no Estado. “Apesar da grave situação financeira que o governo herdou da administração anterior, segue trabalhando firmemente para melhorar tanto a infraestrutura de acolhimento aos menores quanto o ambiente de trabalho dos servidores”, garante a pasta.
Fonte: Cidades/Jornal O Popular