Jovem suspeito de matar garoto de 15 anos em Goiânia diz que cumpria ordens
Colega de alojamento confessou ter matado rapaz de 15 anos em centro de internação. Polícia Civil investiga o caso
Catherine Moraes
A Delegacia de Apuração de Atos Infracionais (Depai) vai investigar a morte do adolescente C.E.O.S, de 15 anos, que foi assassinado dentro do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Vera Cruz, em Goiânia. O crime aconteceu na noite da última quinta-feira (6) e outro jovem de 17 anos que dividia o alojamento com a vítima, confessou o homicídio. Ele afirmou que agiu a mando de outro interno e que se não cumprisse a ordem, seria morto. Por este motivo, ele deve ser transferido para outro Centro de Atendimento.
C.E.O.S foi apreendido por ato infracional análogo a roubo e dividia espaço com o suspeito, que respondia por ato infracional análogo a homicídio, no Centro de Internação Provisória (CIP). Na última segunda-feira (3), eles foram transferidos para o Case e ficaram em um alojamento temporário, onde permanecem os “novatos” pelo período de 72 horas. Na noite de quinta-feira, entretanto, por volta de 19 horas, os agentes teriam passado duas vezes pelo alojamento e perceberam uma anormalidade.
“O companheiro de alojamento falava que ele estava no banheiro e aí perceberam que havia algo errado. Encontraram o jovem pendurado com a corda no pescoço e o objetivo era simular um suicídio. Depois disso, entretanto, o companheiro foi interrogado e admitiu o assassinato. Ele contou que depois do homicídio, chegou a tomar um banho para limpar um pouco de sangue da vítima”, afirma o titular da Depai, delegado Luiz Gonzaga Júnior.
De acordo com os socorristas, a vítima apresentava sinais de espancamento, enforcamento e um corte de faca na virilha. O corpo do jovem foi encontrado pendurado por uma corda artesanal feita com pedaços de um lençol, no banheiro do alojamento. Segundo o delegado, o sangue no suspeito pode ser resultado deste corte na vítima. Apesar disso, nenhum objeto cortante foi encontrado no local. As informações preliminares são de que a morte foi por estrangulamento, mas o laudo oficial deve ser emitido nos próximos dias pela Polícia Técnico-Científica.
De acordo com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, não havia registro de histórico de conflito entre eles anterior ao fato. Em nota, a secretaria informou ainda que a família da vítima foi notificada às 22 horas do mesmo dia e que na manhã desta sexta-feira (7), o gerente do Sistema Socioeducativo, Sandro Lacerda e uma equipe multidisciplinar com assistente social e psicóloga estiveram no Instituto Médico Legal (IML), prestando assistência aos familiares.
72 adolescentes estavam em Case
De acordo com o presidente da Associação dos Servidores do Sistema Socioeducativo de Goiás (Assed-GO), Roberto Condé, quatro servidores trabalhavam na Ala C do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Vera Cruz, quando o adolescente de 15 anos foi assassinado, na última quinta-feira (6). No total, 72 jovens são internos desta ala e, para Roberto, o número de servidores é insuficiente para gerenciar uma situação de crise.
“O Estado não faz o papel dele de garantir pessoal suficiente para trabalhar e aí se eles resolverem se matar, não temos como evitar. No momento da morte tinham quatro servidores em uma ala com 72 adolescentes. É impossível gerenciar uma situação como esta. Os dois envolvidos no crime dividiam um alojamento temporário, mas a informação que temos é de que o restante do Case estava lotado”, completou Condé.
O presidente da Assed-GO ainda não visitou o local porque estava em Brasília no momento do ocorrido, mas afirma que existia um burburinho de que o jovem assassinado teria cometido um ato infracional análogo à violência sexual. O corte na virilha poderia estar relacionado a esse tipo de crime. O delegado responsável pelo caso, Luiz Gonzaga Júnior diz, entretanto, que esta informação não está confirmada e que ele não tinha em seu histórico nenhum caso de ato infracional análogo a estupro.
A Secretaria de Desenvolvimento Social, informou, em nota, que havia 16 agentes e educadores socioeducativos, cinco policiais e uma assistente social no plantão noturno da última quinta-feira, quando ocorreu o crime. De acordo com a secretaria, somente na Área II, onde ocorreu o fato, estão internados 72 adolescentes, distribuídos em alojamentos que comportam de um a dois internos. A pasta afirmou ainda que sete servidores faziam o monitoramento da seção onde ocorreu o crime.
Fonte: Cidades/Jornal O Popular