Facções recrutam jovens
Editorial
Reportagem nesta edição dominical dá conta de como as facções criminosas contribuem para a instabilidade no sistema socioeducativo de Goiás, onde adolescentes infratores cumprem medidas impostas pela Justiça. A situação se mostra potencialmente explosiva, na medida em que reproduz a lógica já implantada nos presídios.
Importante destacar que a influência do crime organizado começa antes dos muros. O recrutamento desses jovens diz respeito também à desigualdade social vigente no País e a um sentimento de falta de crença no sistema de justiça e de reconhecimento para um número cada vez maior de jovens da periferia, com pouca escolaridade. Pessoas com esse perfil têm sido facilmente capturadas pelas redes do crime, com o objetivo de não somente superar problemas de ordem material como também obter uma rede de apoio e reconhecimento social — ainda que limitado aos seus próprios pares de criminalidade.
Para quebrar uma dinâmica tão potente, é preciso, paulatinamente, em paralelo com ações de segurança pública, fazer com que o poder público reocupe o vácuo hoje ocupado pelas facções, com resultados nefastos para toda a sociedade.
Fonte: Jornal O Popular