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Adolescente é assassinado de forma bárbara no Case Vera Cruz, em Goiânia

Centro de internação da capital teve outro homicídio na semana passada. Polícia não vê relação entre os dois casos até agora

Thalys Alcântara

Um jovem de 18 anos foi imobilizado, torturado e morto por um colega de alojamento dentro do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Goiânia, no Conjunto Vera Cruz, na madrugada desta terça-feira (11). O registro é o segundo de homicídio que acontece na unidade em um prazo de cinco dias. A Polícia Civil, que investiga os casos, fala que não há indícios de relação entre os dois assassinatos.

Bruno Victor Vicente Alcântara, de 18 anos, estava internado havia três meses por ato infracional análogo a homicídio. Por volta da meia-noite, seu companheiro de alojamento, de 16 anos, amarrou seus braços e pernas usando peças de roupa. Durante cerca de três horas, a vítima teria sido enforcada e perfurada, ainda viva, com uma chave de fenda. Os gritos teriam sido abafados por um pano colocado em sua
boca e pelo barulho de um filme que passava na televisão, que fica no corredor. A morte do interno foi a 21ª no sistema socioeducativo de Goiás desde 2015, incluindo as dez vítimas em um incêndio no Centro de Internação Provisória (CIP) no ano passado.

O corpo de Bruno só foi encontrado durante a manhã, quando um servidor chegou para entregar o café da manhã dos internos e o adolescente que disse ser o autor do assassinato teria afirmado: “Tira o presunto de dentro daqui”. Todos estes detalhes sórdidos foram narrados pelo próprio interno, que confessou o ato, segundo o titular da Delegacia de Apuração de Atos Infracionais (Depai) da capital, Luiz Gonzaga Junior. Não houve testemunha ocular. Cada alojamento do Case abriga dois adolescentes.

De acordo com Gonzaga Junior, em seu depoimento, o adolescente afirmou que resolveu torturar a vítima depois que ela teria confessado que já estuprou. Crimes sexuais são uma falta grave na lei interna dos adolescentes do socioeducativo, que são punidos com agressões físicas e às vezes a morte. Internos que respondem por atos infracionais desse tipo ficam em alas isoladas. No entanto, Bruno não respondia por
esse tipo de ato infracional. “Não se sabe se isso foi invenção do adolescente que matou. Segundo ele (o interno), ele agiu motivado por isso”, explica o delegado.

Ainda de acordo com Gonzaga Junior, as investigações preliminares não identificaram nenhuma relação entre a morte desta terça-feira e o assassinato de outro adolescente, de 15 anos, no mesmo Case, no último dia 7. “Não tem relação com o outro homicídio, foi uma coincidência que em um intervalo de uma semana teve dois homicídios.”

Estrutura

O Case Vera Cruz está quase no limite da sua lotação, são 123 internos do sexo masculino para 125 vagas. A falta de efetivo para cuidar da segurança e administração da unidade é apontada pelo presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Socioeducativo (Sindsse-GO). Segundo ele, atualmente, os plantões seriam formados por quatro servidores para cada grupo de 70 adolescentes por módulo. “O Estado
insiste em fingir que o Case é um centro de socialização, mas na verdade é um depósito de adolescentes. A maioria esmagadora integra facções criminosas e os servidores estão no meio disso, correndo riscos”, declara o sindicalista, que defende a necessidade de um novo concurso público para a área.

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds-GO), órgão do governo de Goiás responsável pelo sistema socioeducativo, uma resolução de 2017 prevê que os agentes de segurança educacional têm a função de monitorar os adolescentes 24 horas ao dia. “A possível atipicidade do caso será alvo de sindicância e de investigação por parte da Polícia Civil e na esfera administrativa, via Núcleo de Corregedoria desta pasta”, informou a pasta por nota.

Mandante é identificado

A Polícia Civil identificou o mandante do assassinato de C.E.O.S, de 15 anos. Ele foi morto por um companheiro de alojamento mais velho, de 17 anos, no último dia 7, dentro de um banheiro do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Goiânia, no Conjunto Vera Cruz.

Um interno confessou o homicídio, mas afirmou que a ação foi uma ordem de outro adolescente, preso na mesma unidade, mas em outro alojamento. O mandante teria dito que caso não cometesse o assassinato, ele é que seria morto. Segundo o delegado da Delegacia de Apuração de Atos Infracionais (Depai) da capital, Luiz Gonzaga Junior, o mandante foi identificado e passa a responder pelo ato infracional análogo a homicídio. O inquérito do caso já foi remetido à Vara da Infância e Juventude, e os dois adolescentes foram transferidos para outra unidade, que não foi divulgada para a imprensa por questão de segurança.

De acordo com Gonzaga Junior, em depoimentos foi relatado que C.E.O.S tinha um desentendimento com o mandante de seu assassinato, que começou no Centro de Internação Provisória (CIP), instalado no 7º Batalhão da Polícia Militar (PM), no Jardim Europa. Quando era internado ali, a vítima teria sido agredida e denunciado o caso para a direção da unidade. Por causa disso, o mandante foi transferido para o Case.

No geral, os adolescentes preferem ficar no CIP do que no Case, que teria condições melhores de convivência e mais atividades. Denunciar seu agressor é considerado “caguetagem”, um delito dentro das regras internas dos adolescentes do sistema socioeducativo. Por conta disso, o agressor teria ordenado para que o colega de alojamento “cobrasse a pisada”, uma penalidade, que no caso foi matar C.E.O.S. (Colaborou Malu Longo)

Fonte: Cidades/Jornal O Popular

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